Na série de entrevistas Futuro do Trabalho pós pandemia produzida pelo portal Trilhas do Sucesso, a enfermeira e aluna concluinte do curso de Cuidados com o idoso, Débora Abreu compartilha sua experiência profissional, suas expectativas e sua rota de capacitação com os cursos livres.
Se nas entrevistas passadas falamos que o turismo sentiu muito com a paralisação ao contrário dos mercados, das farmácias e dos delivery que tiveram um aumento de demanda, imagine só a área da saúde com o foco todo voltado para ela neste momento.
Na opinião da Débora Abreu, algumas coisas deverão ser adaptadas, com novos protocolos de higiene e operacionais já que nunca antes tivemos uma pandemia como esta ao menos na história mais recente. Para a profissional a área da saúde deverá ter muito mais demanda a partir de agora.
As alterações comportamentais foram alteradas não só no ambiente de trabalho dos profissionais de saúde, mas em todos os segmentos profissionais. Todo local público e em nossa própria casa as coisas mudaram. São novos hábitos que vieram pra ficar.
O lado bom de tudo
Se, é possível dizer que existe um lado bom nisso tudo, parece que evoluímos em muitos aspectos: “Antes cada hospital, cada clínica tinha um protocolo próprio. Agora virou um padrão de regras e normas para minimizar o contágio. A infecção hospitalar sempre foi uma das coisas que mais mata. Se o padrão de higiene hoje fosse utilizado no passado, talvez não tivéssemos um número tão grande de mortes.”
Não só os profissionais da saúde, mas os próprios pacientes e acompanhantes de internados terão os cuidados com a higiene redobrados a partir de agora.
A carreira
“Eu não estava trabalhando por opção e de repente tive a indicação de fazer o curso online de Cuidados com Idosos. É sempre bom a gente atualizar a forma de pensar, de trabalhar. Eu gostei e acho que vale a pena a gente sempre buscar por melhorar, evoluindo as formas de trabalho”, explica Débora.
A aplicação do aprendizado foi imediata. Débora hoje alia sua formação em nível superior e seu curso livre de Cuidados com idosos para atender às necessidade de seu paciente e cliente.
Mais que uma profissão
A enfermeira acredita que nos últimos anos aumentou muito o número de pessoas que querem se especializar na área da saúde: “Quando eu estudei tinha muita gente de outras áreas procurando a enfermagem para cuidar da mãe ou do filho, por exemplo. A pessoa achou que de alguma forma aproveitaria o curso na sua vida pessoal. Profissões como fisioterapia, enfermagem e até mesmo a medicina tem sido procuradas pelos motivos mais diversos”, conclui Débora.
Independente do motivo, para quem vai trabalhar na área da saúde o ideal são as capacitações em cursos livres que envolvem o aprendizado humano. Habilidades como o trato com pessoas, a paciência, o saber ouvir e a empatia são fundamentais. Se em qualquer profissão já seriam características de muito valor, na enfermagem o cuidado, tanto consigo mesmo quanto com o outro são propósitos verdadeiros.
Tem que ter vocação?
Lidar com a vida alheia é algo que muitas vezes exerce um verdadeiro fascínio e noutras causa muito medo.
Além do medo de lidar com sangue e perfuro cortantes, o excesso de responsabilidade pode ficar maior do que o desejo de ser útil, mas não é sempre assim
Segundo Débora, às vezes a pessoa acha que não tem vocação para algo e ao começar o curso se vê fazendo aquilo e percebe que tem jeito para lidar com o outro, para desempenhar as funções. Vocação pode não ser determinante neste caso.
“Hoje todo mundo está tendo que ser meio cuidador de si e dos demais. E numa dessas, muitas pessoas podem se descobrir com vontade de ir para a área da saúde”, explica Débora.
A saúde mental
Até mesmo a saúde mental ganhou muito destaque nesse período de isolamento social. Como cada pessoa lida de um jeito com o isolamento, muitas campanhas, muitos famosos chamaram a atenção para esse aspecto do isolamento social.
O campo ainda é muito sensível dentro da saúde carregando muito preconceito, porém, nesse período de quarentena todos estamos sendo colocados a prova. Todos, sem exceção estamos tendo que encarar nossos pensamentos, nossas emoções, privados do contato social e físico que geralmente nos possibilita partilhar os problemas ou pelo menos aliviá-los.
Em tempos de quarentena, quem nunca precisou ou não quis parar para se ouvir, agora está sendo obrigado a fazer isso com as próprias e as emoções dos outros. Dessa forma todos deverão ter um olhar mais empático a partir de agora. Ansiedade, depressão e síndrome do pânico não são mais sintomas tão distantes e mais do que nunca a sociedade está colocada de frente para essas questões pelo simples medo do futuro, do amanhã, de um colapso econômico e de tudo o mais que ronda esse momento.
O curso de cuidadora
O curso de Cuidados com os idosos é bem amplo. Dentro do universo dos idosos há uma dezena de aplicações desses ensinamentos. Um exemplo que foge do profissional que vai à casa do idoso, são aqueles que trabalham em UTI’s de adultos. Com certeza o curso servirá também para eles, já que essa faixa etária costuma ser a maioria nas Unidades de Terapia Intensiva.
A metodologia serve para qualquer pessoa, tanto para os profissionais mais experientes quanto para os que nunca trabalharam na área ou sequer estudaram antes temas ligados à saúde.
Como construir o futuro do trabalho.
Débora acredita que tudo nasce de uma meta. O primeiro passo seria escolher o que realmente se quer em termos de felicidade. A partir disso é se organizar e colocar em prática. Se o foco for a área da saúde o ideal é pensar em todos os cursos possíveis para ganhar perspectiva e abrir a mente. Assim, é possível até mesmo abrir espaço para o desenvolvimento de novas técnicas. Estudar sempre porque o estudo vai fazer você desenvolver as habilidades que você ainda não tem ou não sabe que tem.
Para Débora a dica de ouro é que: “O desenvolvimento das pessoas depende apenas delas mesmas”, conclui.