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Skills

Trabalha Brasil: Home Office brasileiro na mira internacional

Trabalha Brasil: Home Office  brasileiro na mira internacional
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Trabalha Brasil: Home Office brasileiro na mira internacional

É entre 10h e 14h no horário de Brasília – quando é fim do dia na Europa e manhã na costa oeste dos Estados Unidos – que o programador Renan Bandeira consegue encontrar, simultaneamente, o maior número de colegas de trabalho online. Apesar de morar em Fortaleza, Bandeira trabalha para uma empresa americana que tem 80 funcionários (outros três brasileiros) espalhados pelo globo.

O caso mostra como a expansão do home office – forçada pela pandemia do coronavírus – trouxe grandes transformações ao mundo corporativo e abriu as fronteiras para o mercado de trabalho. Nos últimos meses, empresas de várias partes do mundo, como a em que Bandeira trabalha, decidiram buscar no Brasil talentos para compor seus times. Ao contrário do movimento percebido antes da pandemia, agora os chamados ‘expatriados virtuais’ não precisam nem de passaporte para trabalhar fora do País e, em alguns casos, nem de inglês fluente. De casa, fazem seus trabalhos e prestam contas para superiores no exterior.

A demanda mais forte por profissionais brasileiros têm ocorrido nas vagas de tecnologia – área em que o Brasil mesmo tem um déficit de 250 mil profissionais. A gerente de recrutamento para tecnologia da Michael Page, Luana Castro, afirma que, em 2020, percebeu um aumento de 30% na busca de empresas de fora por desenvolvedores brasileiros.

Isso pode ocorrer de várias formas, até mesmo em criptomoedas. Outros usam aplicativos ou empresas de serviços financeiros para receber em dólar a remuneração. Muitos contam com a ajuda de contadores para deixar a situação regularizada e pagar todos os impostos envolvidos, como foi o caso de Diego Pisani, de 20 anos. Em dezembro, ele trocou um emprego numa empresa brasileira por uma companhia na Austrália e recebe por meio de empresas de remessas internacionais.

BENEFÍCIOS DIFERENTES

Formado em Computação, Renan Bandeira, de 28 anos, começou a trabalhar para uma empresa americana há apenas dois meses, mas, se quiser, já pode tirar férias. Entre os benefícios para os funcionários, a companhia oferece férias ilimitadas, desde que combinadas com o chefe.

INCLUSÃO FEMININA

Aos 36 anos, Marcela Pfister já morou e trabalhou no Japão, na Austrália, em Dubai e na França. No começo de 2020, grávida da terceira filha, ela e o marido decidiram voltar ao Brasil e tentar uma vida nova em Atibaia, no interior de São Paulo. Mas, logo em seguida, veio a pandemia e muitos planos tiveram de ser adiados. Um dia, navegando pelo Linkedin, Marcela viu o anúncio de uma vaga de home office no exterior.

Embora tivesse pouca crença de que seria contratada por causa da gravidez, ela enviou o currículo e foi chamada para uma entrevista numa startup de eventos corporativos virtuais.

FUSO HORÁRIO

Em dezembro do ano passado, Diego Pisani decidiu trocar o emprego numa companhia nacional por uma companhia de cibersegurança na Austrália. Apesar da diferença no fuso horário, ele não teve dificuldades de se adaptar. Além disso, completa ele, a empresa dá liberdade para os funcionários fazerem seus horários, desde que entreguem a tarefa pedida dentro do cronograma estabelecido.

Ele conta que a única coisa fora da rotina são as reuniões no fim do dia de domingo, quando na Austrália já é segunda de manhã. Mas esse não é um fator que incomoda Pisani, de 20 anos. Apesar de não ter faculdade na área, ele fez um curso intensivo em programação assim que saiu do ensino médio. Desde então, vem atuando como desenvolvedor.

PRÁTICA DE IDIOMA

Emanuel Oliveira trabalha na área de tecnologia desde 2011 e sempre teve vontade de atuar no exterior, mas via o idioma como uma barreira. Apesar de ler em inglês, tinha dificuldade para falar. Quando começou a pandemia e passou a trabalhar remotamente, percebeu que poderia tentar alguma vaga em uma empresa de fora sem sair de sua casa, em Quixadá (CE).

Pouco antes da quarentena, ele havia feito aulas de inglês e já conversava melhor no idioma quando fez a seleção para uma empresa com sede na Polônia que desenvolve plataformas para terceiros. Oliveira procurou vagas no LinkedIn, no site das empresas e em grupos no Telegram. Percebeu que, quando colocou no LinkedIn que estava aberto a novas oportunidades, passou a receber vários convites para processos seletivos.

SALTO NO SALÁRIO

Há algum tempo, o engenheiro de software Lucas Vasconcelos vinha acompanhando de perto a movimentação de um grupo de amigos que, de casa, prestava serviço para o exterior. Apesar dos incentivos, ele sentia que ainda não estava preparado para encarar essa nova experiência. Mas, com a chegada da pandemia e tendo de fazer home office na empresa em que trabalhava, ganhou confiança e mandou currículo para uma companhia nos Estados Unidos.

As dificuldades, no entanto, foram compensadas por um aumento de 200% na renda. O modelo de contratação de Vasconcelos é o de prestação de serviço. Ele abriu uma empresa no Brasil e presta serviço diretamente para a companhia americana. A remuneração é feita por meio de criptomoedas e é tributada como ganho de capital se houver lucro na venda.